O som exala as sensações etéreas,
mas sufocadas.
Feito um zumbi, sei:
elas sobrevivem.
E vem à baila ao acorde da viola cabocla,
que subsiste no vai-e-vem do dia-a-dia canalha.
O que trucida, mas a essência (frágil) fica,
que nem o ocaso que teimo em adiar.
E a cada pôr-do-sol ainda me lembro:
De onde nasci.
De onde vivi.
A casa 486 da Rua Santa Cruz.
Quintal cheio de flores, a jabuticabeira.
Cada sentido acorda a cada acorde...
para o passado vivo em mim.
***
SOBREVIDA
Calculo os passos
Casualidade sem chance
Agora tenho agenda
É a experiência
Morte!
Das utopias...
Do inesperado...
Das imprudências...
Quero confronto armado
Pecar, ser ilegal
Instinto animal
Etiqueta social?
Códigos e afins?
Ritos e promessas?
Circunspeções e pragmatismos?
Não! Não! Não!
Sobreviver não dá
Quero revolução
Abaixo o caminho da mesmice,
do dia que anoitece e
da noite que amanhece
E só isso
E em vão
Numa eterna repetição
***
SEM-CAUSA
Doutrinado pelos ianques,
dos que deriva a força ruidosa.
Força do tudo posso,
NAquele que me enfraquece.
Deus de olhos claros,
Capitão América.
E o resto é causa pequena,
das baratas sub-mundanas,
las cucarachas que teimam
em não se venderem:
ao Sistema.
Démodé, a palavra?
Mais ainda a birrenta escravidão,
em pleno 2002 d.C(oca-Cola).
***
CONFORMADO
Hoje acordei taciturno,
Sem bramidos e nem contestações.
Com o espírito bem-dormido,
fui buscar revol’unção em
um Deus que há tanto esqueci.
Estou bom menino, seguro de mim.
A roupa engomada,
sem óculos escuros,
conservador e linear.
Abandonei o notívago,
para ser útil ao sistema.
É preciso não fazer poemas,
Retirar-se da vida ao poente,
Acreditar no Onipotente,
Dormir e acordar na hora certa,
cumprir sempre a meta.
O café expresso, o rush,
a multidão em marcha logo cedo;
conformo-me com a voz das ruas:
“é assim mesmo, é assim mesmo”.
***
MANHÃ
O poema não terminado,
o café amargo esfriando,
o cheiro de nicotina pela casa,
o flash-back insosso no rádio,
lembranças mitigadas,
o sol invadindo pela porta entreaberta,
a ressaca de uma-noite-quase-boa,
alucinações de sonhos reais.
Na vida-real nunca sonhada
***
SEM SALVAÇÃO
Fanatizo verbos tantos na esquina,
enquanto todos aguardam na fila.
E passo atestado de chato.
Oração revolucionária do livro sagrado de Marx,
não convence mais os ímpios.
Homilia perdida nos tempos que não foram;
Foram uns dias eternos na verve, apenas nela.
Ideias impróprias aos que se julgam inacabáveis,
destinados a algo que transcenda às eras:
religiosos adeptos do ópio.
Ódio dos que querem se libertar da força aqui na Terra,
não no além-túmulo.
Oprime, escraviza e conduz...
à eterna ilusão prostituta.
Vinho? Cicuta!
Hóstia? Soda cáustica!
***
A PRINCESA
Balaio de gato,
sonhos dourados da gata borralheira,
que passou da hora,
nunca encontrou o sapatinho de cristal,
nunca virou princesa.
Arco da velha ilusão vencida,
pelo realismo cruel do dia-após-dia,
dos contos da carochinha,
que agora cheiram à naftalina.
No fundo do baú,
coleção de memórias póstumas,
da vida que leva morta.
Quisera ser bela adormecida,
dormiu e teve o pior de todos os pesadelos:
viu-se no espelho acusador e fidedigno.
***
BÁSICO
Afrouxo o cinto
e os de segurança e castidade.
Transmuto as exigências,
não carrego horas no braço.
Não tenho pressa de viver,
estou seguro.
Só assim estou seguro.
(c) Júlio Olivar
Porto Velho
Brasil
Júlio
Olivar Benedito nació el 14 de junio de
1973 en Poço Fundo, Minas Gerais, Brasil. Tiene una larga trayectoria como periodista y escritor, también en la política y la gestión pública. Actualmente es Secretario de Turismo del Estado de Rondonia.
Es el duodécimo hijo de Domingas Noronha y
Antonio Benedito. Residente en Rondônia desde 1998. También es oficialmente
ciudadano de Machado (MG) y de Porto Velho (RO).
Según el
informe del historiador y escritor Schiller Noronha Ferreira, publicado en el
Jornal de Poço Fundo bien 12 de abril en 2003, Júlio Olivar fue un niño criado
en la zona rural - barrio de San Miguel - y luego vivió en la calle Santa Cruz.
En 1989,
a los 15 años, fue elegido presidente del Centro Cívico de la Escuela Estatal
de San Marcos en Poço Fundo. En ese mismo año comenzó a escribir en City
Journal sobre asuntos de actualidad local.
"Surgió
muy joven en la carrera periodística. Chico guapo, tenía dos espadas afiladas:
una era la buena escritura como periodista y la otra era una buena voz de
locutor con excelente dicción ", escribió Schiller Noronha en las"
historias del Poço Fundo ", que retrata los perfiles de los hijos ilustres
de la ciudad .
También
de acuerdo con el mismo historiador, Olivar tiene la sangre de Noronha, a pesar
de no tener el nombre. Schiller dijo que en el estudio de la genealogía del
autor, que su madre, con la ascendencia
de Heliodora (MG), tenía el mismo tronco de la familia del distinguido
intelectual y poeta Plinio Sérgio Motta de Noronha (1876/1953), la Academia de
Minería das Letras, que ocupó el Sillón
número 39, que ahora pertenece al notable intelectual y político mineiro Patrus
Ananías.
Fue entrevistado para la revista Archivos del Sur, la entrevista está publicada en el blog de entrevistas: